Otorrinopediatrica

Sinusites

SINUSITE NA INFÂNCIA

Você sabia que um simples resfriado pode acabar levando a um quadro de sinusite?

Ou que a ocorrência freqüente de nariz entupido e secreção nasal pode estar relacionada a um quadro sinusal?

A rinossinusite, termo utilizado para definir um grupo de doenças caracterizadas pela inflamação da mucosa do nariz e seios paranasais, é um dos problemas mais comuns de saúde pública, que vem aumentando com o passar dos anos. A ocorrência da rinossinusite aguda é estimada segundo a ocorrência de infecção da via aérea superior no decorrer do ano, acreditando-se que de 5 a 13% dos resfriados comuns evoluem para um quadro sinusal. O curso habitual de uma infecção viral, sem complicações, é de 5 a 7 dias, com um pico de intensidade e melhora gradual. A persistência dos sintomas respiratórios (secreção nasal, tosse, obstrução nasal, dor de cabeça e febre) por mais de 10 dias, sem sinais de melhora, apontam para uma infecção bacteriana dos seios paranasais (rinossinusite). Por outro lado, crianças com secreção nasal purulenta e febre alta (normalmente acima de 39°C) que dura mais de 3 a 4 dias, também sugerem uma infecção sinusal bacteriana.
Já a prevalência da rinossinusite crônica (quando a infecção possui duração mínima de 12 semanas) permanece incerta, visto a grande variedade de sintomas. Nestes casos, os sintomas mais comuns, na infância, incluem: secreção nasal amarelada; obstrução nasal; secreção retrofaríngea (secreção que desce do nariz para a garganta); tosse; mau hálito; dor de cabeça; alterações de comportamento, como irritabilidade. A tosse é normalmente pior ao deitar ou durante a noite em crianças pequenas. A sensação de pressão em face pode ser relatada por crianças mais velhas, da mesma forma que a cefaléia, mesmo freqüente, é mais verbalizada com o passar dos anos.
É importante lembrar que algumas crianças podem apresentar comprometimento dos ouvidos em decorrência da rinossinusite, visto a proximidade das estruturas envolvidas.

E como fazemos o diagnóstico da rinossinusite, seja ela aguda ou crônica?

A história clínica do paciente continua sendo o dado de maior valia. O exame físico otorrinolaringológico pode trazer alguns sinais que ajudam a elucidar o diagnóstico e exames complementares podem ser solicitados. No quadro agudo, a solicitação do radiografia de seios paranasais é bastante discutida, com valor restrito em crianças abaixo de 6 anos. Já nos pacientes com suspeita de complicações ou cronicidade da doença, a tomografia computadorizada dos seios paranasais é o exame de eleição. Outro exame, realizado em consultórios e Hospitais, é a videonasofibroscopia (avaliação endoscópica da via aérea superior), que fornece dados importantes para o diagnóstico, tanto no quadro agudo quanto no crônico.

E quanto ao tratamento?

Nos casos de rinossinusite bacteriana aguda, recomenda-se a utilização de antibióticos com o propósito de proporcionar a cura (principalmente mais rápida), evitar complicações e prevenir a transmissão da doença. Já nos quadros crônicos, a utilização de antibióticos é fortemente recomendada, com duração mínima de três semanas. Porém, frente à cronicidade da doença é fundamental tentar identificar fatores que estejam contribuindo para a sua instalação. Alguns destes fatores são: a) aumento do volume do tecido adenoideano; b) presença de biofilme sobre o tecido adneoideano; c) rinite alérgica; d) imunodeficiência; e) refluxo gastro esofágico; f) alterações anatômicas das fossas nasais e dos seios paranasais; g) fibrose cística e h) discinesia ciliar. Sendo assim, o tratamento deve compreender a abordagem não só do quadro sinusal, mas de todos os fatores predisponentes que possam estar associados.
Além do antibiótico, anti-histamínicos, corticóides tópicos e sistêmicos, descongestionantes, lavagem nasal, mucoliticos e expectorantes podem ser utilizados como terapia complementar. Como no adulto, a abordagem cirúrgica da rinossinusite crônica na infância é normalmente indicada quando ocorre falha no tratamento medicamentoso. Nestes casos, as indicações variam desde a adenoidectomia (retirada da adenoide) até a abordagem cirúrgica dos seios paranasais.

GN1
Copyright © 2024 - Fundação Otorrinolaringologia - All rights reserved